Ceci n'est pas une caméra. [Jean Rouch]

 

 

IIf you're a good storyteller then the lie is more true than reality, and if you' re a bad one, the truth is worse than a half lie. Jean Rouch.

[Se você é um bom narrador, a mentira será mais verdadeira do que a realidade, e se você for um mau narrador, a verdade será pior do que uma meia mentira. Jean Rouch.]

 


 

A outra face do espelho.

Ricardo Costa

 

"Ensina-nos Rouch, no fundo, que não há encontro sem ficção. Quando fixamos

o Outro, o homem imaginado - vivemos com ele e ele não nos deixa! -, não

podemos deixar de ver nele qual é a história que o espelho conta : a "história",

tudo aquilo que, com ele, na verdade vamos ter de construir - tudo como numa

brincadeira de crianças."

 

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Moi, un noir.

Jean Rouch, 1958.

[fragmento]

 

 

 


 

 

Jean Rouch - Filme etnográfico e Antropologia Visual

José da Silva Ribeiro

CEMRI - Laboratório de Antropologia Visual, Universidade Aberta, Portugal

jribeiro@univ-ab.pt

 

Procuramos em torno de duas conversas com Jean Rouch ocorridas

em 1992 e 1995 organizar algumas notas para utilização dos estudantes.

Posteriormente estas conversas foram editadas em DVD e utilizadas em múltiplos

contextos, nomeadamente na 12a Mostra Internacional do Filme Etnográfico

do Rio de Janeiro. As contínuas solicitações destes materiais levam-nos

a organizar e a apresentar estas notas. Estamos certos de que as conversas

com Rouch mereciam mais ampla reflexão e a participação de outros autores.

Deixaremos esta missão para uma ulterior publicação. Apraz-nos disponibilizar

aqui as lições de Rouch, referência incontornável do cinema etnográfico.

 

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Jean Rouch e a invenção do Outro no documentário

Marcius Freire

Universidade Estadual de Campinas

marcius@unicamp.br

 

Em 1954, Jean Rouch, que à época estudava o sistema de migração na África do Oeste, convida três amigos nigerenses – Lam, Illo e Damouré – para empreenderem uma excursão até a Costa do Ouro (Gold Coast, hoje Gana), a exemplo do que faziam milhares de jovens durante os meses de seca. Rouch filmou essa experiência, misturando documentário com ficção, e introduziu um elemento completamente novo nas relações do cineasta com os sujeitos observados do documentário etnográfico. Com efeito, se até então esses sujeitos se submetiam ao olhar da câmera e eram instados a mostrarlhe aspectos de sua realidade da maneira a mais natural possível, em Jaguar, filme resultante da experiência mencionada, Rouch mostra sujeitos que são

construídos ao longo do registro fílmico e que agem sobre uma realidade ela própria também construída. Com isso, procurava a “verdade provocada”, expressão por ele utilizada para definir o procedimento através do qual a liberdade que dava aos personagens para criar ou se criarem poderia levar à verdade do filme. O objetivo deste artigo é fazer uma breve reflexão sobre esse procedimento e os seus desdobramentos no documentário contemporâneo.

 

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